No início da segunda metade do terceiro Governo Lula, o Brasil passa por um período complexo de sua história. A extrema-direita enfrenta denúncias judiciais de ação golpista, por tentar evitar a posse do Presidente eleito em 2022, com envolvimento forte de figuras de proa do governo anterior e com participação de quadros de alto escalão das forças armadas. Ao mesmo tempo, o governo Lula, eleito naquela oportunidade, enfrenta um desgaste importante de imagem, captada nas últimas pesquisas de opinião, sem conseguir imprimir marcas públicas que lhe permitam navegar com alguma tranquilidade rumo ao futuro. As Forças Armadas, dado o enorme envolvimento de vários de seus quadros de alto comando no jogo golpista, sofrem desgastes, apesar da existência de um movimento claro que tenta preservá-las, sob o argumento de que, se houve envolvimento de militares nos atos golpistas, a instituição militar, ela própria, preservou-se e ajudou a preservar as demais instituições da República. Neste momento, há um vácuo de lideranças políticas alternativas, seja pela esquerda, seja pela direita e desenha-se um quadro eleitoral 2026 sem alternativas claras, mas em uma situação de exacerbação do Poder Legislativo, cujo domínio é fisiológico, reforçado que tem sido pelo instituto das emendas parlamentares, o que tem preconizado movimentos voltados à mudança do próprio sistema de governo. Ao lado de tudo isso, há uma exacerbação dos confrontos geopolíticos e geoeconômicos que ecoam no Brasil e na América do Sul, em processo de redefinição dos centros mundiais de poder e as pressões externas sobre o Brasil crescem, agravando o quadro político interno.
Participação: Isabela Kalil e Manuel Domingos Neto