Em fevereiro de 2025, vários sinais vinham apontando para um acirramento antecipado da disputa eleitoral de 2026. As pesquisas Quaest, Atlas e Datafolha sobre a popularidade do Governo Lula possuíam uma deterioração da imagem do governo a ser melhor compreendida quanto a seus significados conjunturais e estruturais. Ao mesmo tempo, os campos que se vinham compondo, inclusive com o anúncio de novas fusões partidárias, não conseguiam sedimentar alternativas à direita para a disputa do Executivo. Com o Parlamento dominado por forças conservadoras e/ou totalmente fisiológicas, que vinham ganhando protagonismo crescente há mais de uma década, fortaleciam movimentos de captura do governo, independentemente dos resultados majoritários das futuras eleições presidenciais. Ressurgia, explícita ou implicitamente, o debate sobre mudanças no regime presidencialista, baseado na lógica de que o campo progressista tinha muta dificuldade em garantir maioria parlamentar. A defesa do “semipresidencialismo” surgia como outro dos sinais das várias lógicas da disputa política pelo controle do governo. As bases para esse quadro eram várias, mas o esvaziamento do Poder Executivo pelo fortalecimento dos mandatos parlamentares, que já era forte pelo poder de influência das oligarquias no jogo eleitoral proporcional, tinha sido bastante agravado pelo controle da execução orçamentária através das emendas parlamentares e pela polarização política.
Participação: Aldo Fornazieri e Sandra Bitencourt