O STF vem jogando, em temas de enorme importância para o processo político mais estrutural, um papel central. Alguns temas, como é o caso do protagonismo político a que os militares sempre se arvoraram como atores, por uma interpretação muito particular do art. 142 da Constituição Federal ou o jogo antidemocrático e golpista em que o governo anterior ou apoiadores foram atores centrais, nos episódios de final de mandato (07 de setembro, diplomação de Lula, bomba nas proximidades do aeroporto, acampamentos nos quarteis, 08 de janeiro, etc.), têm encontrado no STF seu desaguadouro. Nesses temas, dadas a correlação de forças estabelecida, onde o Governo tem dificuldades de iniciativa, ou dado o caráter excessivamente eleitoral e parlamentar a que as forças políticas têm sido levadas, não se percebem iniciativas políticas de caráter mais estrutural. O Governo atual, que precisaria entender-se como um governo de transição, vista esta como simultaneamente disputada e negociada, acaba ficando refém da correlação de forças existente, tornando-se incapaz de iniciativas que possam explicitar uma disputa de projeto de futuro. O mesmo ocorre com os movimentos sociais, cuja potência está muito esvaziada. Nesse cenário, o Poder Judiciário, particularmente o STF, tem assumido protagonismo central, na defesa do Estado de Direito.
Participantes: Alfredo Attié e Vicente Trevas