As mudanças que começaram a ser implantadas a partir da posse do Presidente Trump, nos EUA, foram um misto de ameaças e de ações concretas. Nem tudo que Trump verbalizou durante a campanha ou mesmo após sua eleição transformou-se em fato. Possivelmente, parte importante do que foi dito por ele sirva apenas para construir narrativas e para configurar as relações internas ao próprio país. Mas os movimentos, além das falas, apontam para mudanças importantes de postura dos EUA no mundo e têm reflexos de várias ordens no equilíbrio mundial, apontando tendências e possibilidades. Há medidas de várias ordens que ecoam sobre territórios e relações internacionais muito distintas. No campo da política comercial, as tarifas sobre importações têm rebatimentos em países os mais distintos. No campo militar, Trump realizou uma profunda mudança nos comandos militares americanos, bem como já anuncia posturas com incidência na OTAN. Avança sobre o posicionamento americano na guerra “ucraniana”, mas também no Oriente Médio. Aprofunda a definição da China como seu principal adversário estratégico e promove discussões com a Federação Russa que aparentemente buscam minar sua “parceria estratégica”, tentando isolar a China. Verbaliza a inaceitação de arranjos internacionais novos de governança, como é o caso do BRICS, ao mesmo tempo em que mina os instrumentos tradicionais de governança global, buscando centralizar as ações em relações bilaterais, com efeito em políticas e acordos internacionais de várias ordens, como é o caso do clima ou do comércio.
Participação: Giorgio Romano e Samuel Spellmann
