O BRICS – articulação de países em torno de interesses comuns, não um organismo formal de congregação de países – reúne hoje onze países membros plenos (África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia) e definiu como países parceiros outros nove (Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão). Agregados, apenas os onze países membros plenos representam, em 2025, 36% do território total dos países do planeta, 48,5% da população mundial e 39% do PIB medido em paridade de poder de compra. Tudo isso coloca o BRICS como um agregado que, apesar de sua grande diversidade interna, ganhou um protagonismo geopolítico e geoeconômico de enorme importância, mesmo considerando-se a informalidade de sua constituição. Em seu interior, as trocas comerciais e as demais relações econômicas vêm criando um novo quadro com grande influência no mundo e colocando em questão, de maneira crescente, a velha unipolaridade representada pelos Estados Unidos, o que vem provocando, por parte deste país, principalmente nestes tempos de Trump-2, movimentos variados e agudos de contestação, seja no campo econômico propriamente dito, seja nas suas ações geopolíticas. Em meio a essa grande efervescência, a presidência pró-tempore do BRICS, até julho de 2025, encontra-se em mãos do Brasil, o que configura oportunidades e riscos. Oportunidades, porque coloca o Brasil em condições de aprofundar a evolução de alguns temas, como o da reorganização da governança global, bem como a amplificação de sua inserção geopolítica e geoeconômica. Riscos, porque, em o País jogando esse papel, os possíveis conflitos com a velha ordem mundial podem se aprofundar. São dilemas colocados diante do atual governo brasileiro.
Participação: Jonnas Vasconcelos
